O Lançamento do Movimento Voz Ativa em Goiás realizado nesta quinta, 27 de setembro, no auditório da Faculdade de Farmácia do UFG, foi um sucesso. Vários partidos políticos convidados enviaram candidatos para ouvir as reivindicações dos farmacêuticos e todos eles assinaram o manifesto Voz Ativa se comprometendo com a causa. Estiverem presentes as candidatas à Câmara Municipal de Goiânia Cristina Laval (PT), Maria de Fátima Veloso (PT) e Valéria Guimarães (PP) e o candidato Harley Sandoval (PV). O Chefe de Gabinete da Secretaria Estadual do Trabalho Washington Luiz, representou o candidato a Prefeito de Goiânia, Deputado Federal Jovair Arantes (PTB). Candidato à Câmara Municipal de Anápolis, o farmacêutico e professor Ricardo Carvalho (PT) também compareceu e assinou o manifesto.
De acordo com o Presidente da Federação Interestadual dos Farmacêuticos (Feifar) e diretor do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de Goiás (Sinfar-GO), Danilo Caser, além de iniciar uma renovação e reoxigenação do movimento, estimulando a participação de toda a classe farmacêutica no cotidiano de lutas pelas causas enfrentadas no amplo campo da atividade profissional, o objetivo da ação em Goiás foi de sensibilizar e estimular os candidatos a defender o movimento farmacêutico e a função social da Farmácia num momento oportuno, uma vez que estamos na reta final da campanha das eleições municipais.
No início do evento o diretor de comunicação do Sinfar-GO, Winston de Paula, leu o Manifesto Voz Ativa (veja logo abaixo) e em seguida Danilo Caser proferiu a palestra “A Função da Farmácia na Transformação da Saúde Pública Brasileira”, na qual observou que o medicamento vive um momento de transição em que deixa de ser uma simples mercadoria embalada e passa ser compreendido como um agente de promoção da saúde composto de forma farmacêutica mais informação.
Função da Farmácia na Saúde Pública
Segundo Danilo Caser, metade das pessoas usam o medicamento de forma incorreta o que gera enormes prejuízos ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelas recidivas dos tratamentos não resolvidos e complicações novas que surgem. E a não garantia do direito de acesso a informação e cuidados ao uso correto do medicamento banalizou o ato da dispensação a um mero ato mercantil desatrelado da responsabilidade sanitária.
Dado mais grave citado por Caser é que de 50 a 70% do gasto em saúde nos países em desenvolvimento corresponde a medicamento, nos desenvolvidos esse percentual é de 15%. (Fonte ANVISA)
Para o dirigente sindical, as necessidades dos usuários de produtos farmacêuticos somente poderão ser atendidas com a atuação efetiva do farmacêutico através da prestação dos seus serviços, garantindo que, além da caixa do medicamento, o paciente também leve para casa, e tenha assegurado o direito básico de acesso às informações e os cuidados necessários para o uso correto do medicamento.
Debate
Para o presidente do Sindisaúde Fábio Basílio, que participou do evento como debatedor, a solução de tudo passa por política. Por isso ele elogiou a combatividade da Feifar e do Sinfar-GO e a iniciativa de chamar os candidatos para entenderem a importância da profissão farmacêutica na saúde. Por outro lado, ele também destacou a necessidade de a categoria ter representantes no parlamento.
Basílio lembrou de pelo menos dois projetos que afetam a carreira dos farmacêuticos: um positivamente, que reduz a carga horária para 20 horas em tramitação na Câmara Municipal de Goiânia; e outro negativamente, que autoriza Técnicos de Enfermagem a se encarregarem das Farmácias, em tramitação na Câmara Federal.
Representante do Conselho Estadual de Saúde, Rosa Irlene Maria Serafim destacou que a luta na instituição é por uma saúde digna, que deve ser a luta de todos.
Já Venerando Lemes de Jesus, Presidente do Conselho Municipal de Saúde, fez um discurso inflamado em defesa do controle social do SUS e de critica às Organizações Sociais que estão sendo implantadas no estado, privatizando a saúde. Ele lembrou a recente vitória no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), que irá atender exclusivamente pelo SUS descredenciando todas as operadoras de plano de saúde. Venerando ressaltou que é necessário defender o que é público e deu um recado aos políticos presentes: “Vocês precisam, sobretudo, governar para o povo”.
Burocracia x papel social
Preocupado com o seu futuro profissional, o estudante de farmácia Humberto Furtado pediu em nome de seus colegas mais fiscalização contra a abertura desenfreada de novos cursos. Ele disse que ao concluir a graduação sente desesperança de ter que enfrentar um concurso público em Aparecida de Goiânia para trabalhar 40 horas por um salário de R$ 1.200,00. “Acredito que o farmacêutico não será valorizado enquanto não assumir seu papel social na saúde e ficar apenas cumprindo um papel burocrático na farmácia”.